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NOTIFICAÇÃO CSN - ACESSO RESTRITO NÍVEL 4
ALERTA DE SEGURANÇA MÁXIMA

IDENTIFICAÇÃO DO ALVO:

Código: "LUPUS SANGUINARIS"

Classificação: Bandido Altamente Perigoso (BAP) / Possível Híbrido Lobisomem

Nível de Ameaça: EXTREMO (Hostilidade confirmada em múltiplas jurisdições)

Última Localização: Desconhecida (Rastros em zonas de colapso sobrenatural)

ORDENS DO CSN:

NÃO ABORDAR SEM REFORÇOS: (mínimo 3 unidades táticas com equipamento Prata-Éter, autorização N4).

Caso avistado, priorizar contenção de civis e evacuação silenciosa. O alvo é atraído por gritos e frequências de rádio não criptografadas.

Engajamento permitido apenas em legítima defesa. Relatos indicam que ferimentos convencionais só aumentam sua agressividade.

Dossiê Garou: Boris

A Fera que Não Esquece

Filho da negligência e da sobrevivência, Boris Umbra nasceu em um lar disfuncional, o sétimo rebento de uma família afogada na miséria e na indiferença. Seus pais, vencidos pelo cansaço e pela falta de esperança, mal sabiam quem ele era. Desde cedo, Boris entendeu que sua existência não seria protegida – teria que ser imposta. Nas ruas de concreto rachado, ele cresceu com os joelhos ralados, os punhos cerrados e a fúria em ebulição.

A rua o ensinou a linguagem da malandragem e da força. Boris brigava por espaço, por respeito, por qualquer coisa que os outros tentassem tirar dele. Seu olhar era desafiador, sua presença intimidava. Quando um garoto mais velho tentou humilhá-lo diante dos amigos, Boris reagiu com insolência. Apanhou, mas não cedeu. No entanto, o agressor não estava satisfeito. Voltou naquela noite, invadiu a casa dos Umbra e roubou o pouco que havia. Acordou Boris apenas para se vangloriar da desgraça que causara.

O que ele despertou naquele instante não era só raiva — era o chamado de Gaia, gritando através de uma alma em fúria. Ossos quebraram, garras emergiram, e o mundo virou sangue. Boris se transformou pela primeira vez. Um lobo monstruoso em meio ao caos. Ele matou todos ali presentes. E então, o silêncio. A ruína. A perda irreversível da inocência que nunca teve.

Sem família, sem lar, sem orientação, Boris vagou entre os rejeitados. Encontrou abrigo entre gangues e desajustados, entre outros Garou de origens quebradas. Com eles, teve o gosto da camaradagem. Sua primeira matilha era brutal, mas unida. Lutavam juntos, treinavam, riam e sangravam. Pela primeira vez, Boris teve algo a proteger.

Mas sua fúria era profunda demais. Durante um treino, humilhado por um companheiro, perdeu o controle. A forma de Crinos emergiu sem freios. O outro jovem Garou foi dilacerado. O crime foi imperdoável. A matilha o baniu, jurando matá-lo se voltasse. Boris partiu sem olhar para trás.

Tomou o primeiro ônibus que encontrou e desembarcou em Rio Preto. Lá, o caos encontrou função. Trabalhando como cobrador para um agiota local, Boris virou lenda. Ninguém esquecia sua visita. A dívida podia até ser paga em dinheiro, mas o medo era sempre cobrado com juros. Brutal, frio, incansável. Alguns dizem que sua simples presença basta para fazer os inadimplentes chorarem.

Mas Boris carrega mais do que brutalidade. Ele é Ahroun, um dos guerreiros sagrados de Gaia. Sua Fúria não é só destruição — é a arma viva contra a corrupção da Wyrm, a entidade da decadência, da loucura e da perversão. Ainda que renegado, Boris é uma peça na guerra espiritual que molda o destino da Terra.

Foi nas sombras da cidade que ele foi encontrado por um ancião dos Senhores das Sombras. Este não o julgou por seu passado, mas viu em sua fúria uma ferramenta. Ensinou-lhe que o poder verdadeiro não está apenas nos dentes ou nas garras, mas no controle. Na manipulação. Na guerra silenciosa das sombras. Boris começou a entender que sua raiva precisava de direção. Que o caos que o moldou poderia, um dia, ser a chave para equilibrar o mundo.

Hoje, Boris caminha entre dois mundos: o da criminalidade que o criou e o da missão que o transforma. Ele não se diz herói. Ele não busca perdão. Mas combate a Wyrm sempre que pode — seja sufocando seus agentes no submundo, seja esmagando sua corrupção em becos esquecidos. Acredita que cada inimigo derrotado, cada escória derrubada, é um passo a mais para um equilíbrio que ele mal ousa sonhar.

Boris Umbra é a prova viva de que nem todos os guerreiros de Gaia vestem armaduras brilhantes ou carregam bandeiras. Alguns são feitos de cicatrizes, silêncio e olhar de predador. Ele não recua. Não hesita. E jamais perdoa a corrupção. Seja ela humana ou espiritual.